domingo, 24 de abril de 2011

Breve Histórico da EAD

 

A educação a distância, para muitos estudiosos, tem sua origem nas cartas do apóstolo São Paulo. De acordo com a Bíblia Sagrada, São Paulo fazia viagens missionárias e por onde passava deixava comunidades convertidas ao cristianismo. Porém ele não permanecia nessas comunidades, pois vivia em constantes viagens. Por isso, transmitia os ensinamentos da nova fé aos novos fiéis por meio de cartas, as quais eram lidas e os ensinamentos repassados aos integrantes das comunidades mesmo na sua ausência. Tais cartas contêm ensinamentos morais e espirituais baseados no cristianismo e podem ser lidas até hoje nas escrituras sagradas. Algumas delas são: “Epístola de Paulo aos Romanos”, “Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios”, entre outras[i].
Segundo LANDIM (1997) o ensino por correspondência foi o embrião da educação a distância que temos hoje. A sua origem está no ensino e difusão do Cristianismo, quando as obras da Igreja eram ditadas aos copistas com a finalidade de divulgá-las. Cita a mesma autora as cartas dos padres da Igreja como uma confirmação do ensino a distância. Quando os interlocutores não podiam se encontrar devido às distâncias, as mensagens escritas foram a primeira estratégia utilizada para se manter a comunicação entre as pessoas. Associada a troca destas mensagens tem-se o início da comunicação educativa, através da escrita, com a finalidade de permitir o conhecimento aos discípulos que não se encontravam fisicamente presentes. (LANDIM, 1997 apud TEIXEIRA, 2002, p. 34)

A primeira evolução da educação a distância se deu com o advento da escrita reproduzida em grande escala, pela máquina de impressão de Guttemberg em 1456. No final do século XVIII, o serviço postal na Europa começou a se expandir, surgindo dai as experiências pioneiras de educação por correspondência.
A partir de meados do século XX, a EAD passou a ser transmitida pelo rádio. O rádio foi muito utilizado como meio de comunicação em prol da educação principalmente no meio rural, onde existiam barreiras da distância. A principal vantagem da utilização do rádio para a EAD é que as ondas atingem a regiões remotas, onde as pessoas não teriam acesso a informação de outra maneira.
No Brasil, as primeiras experiências em EAD relatadas por meio de recursos radiofônicos e que tiveram êxito foram a do Instituto Rádio-Monitor, em 1939 e, após, a do Instituto Universal Brasileiro, em 1941.
Após o rádio, surgiu a televisão, de maneira revolucionária, disponibilizando som e imagem, alcançando a residência do aluno. As aulas eram gravadas em estúdios por professores especializados em sua área, porém sem experiência em apresentação de programas de televisão. Algumas experiências foram o Telecurso 2º grau e o programa TV Escola.
A comunicação entre professores e alunos via rádio ou TV era unidirecional, ou seja, o professor transmitia a informação ao aluno, porém não havia interação entre ambos. O telefone também foi usado como meio auxiliar do ensino a distância, porém, por ter um alto custo, fazia com que a EAD fosse elitizada.
Com as TICs, Garcia (2009) ressalta que passaram a ser usadas as redes telemáticas, ou seja, a junção de telecomunicação com informática, com suas potencialidades: e-mail ou correspondências eletrônicas, fóruns de discussão, chats, videoconferências, bancos de dados, etc. Esses meios interativos informatizados se tornaram alternativas significativas de comunicação em tempo não-real entre alunos, professores e entre comunidades estudantis.
Belloni (1999) salienta que as TIC têm papel imprescindível na EAD pelo fato do distanciamento físico entre professor e aluno e por que a comunicação nesse modelo de ensino nem sempre ser simultânea. Para ela, a interação de ambos é indireta no espaço e no tempo.
Na EaD, a interação com o professor é indireta e tem de ser mediatizada por uma combinação dos mais adequados suportes técnicos de comunicação, o que torna esta modalidade de educação bem mais dependente da mediatização que a educação convencional, de onde decorre a importância dos meios tecnológicos. (BELLONI, 1999, p. 54)
Muitos autores classificam a evolução da EAD em três gerações de evolução. No entanto, há alguns, tais como Preti (2000), que citam a quarta geração e até a quinta geração. Geralmente, essa classificação diz respeito aos meios pelo qual a modalidade se apóia.
As três primeiras gerações citadas neste trabalho, estão baseadas em Scremin (2002). A quarta e a quinta estão baseadas em Preti (2000) e Máximo (2005). Há ainda quem arrisque a sexta geração com o surgimento do “Second Life”, mas essa geração não será contemplada neste trabalho.
A primeira geração (1850 a 1960) é a geração textual. Utiliza-se basicamente o material impresso, na modalidade de cursos por correspondência baseado na auto-aprendizagem. Os alunos poderiam estudar de forma autônoma.
A segunda geração (1960-1985) é a geração analógica. Baseada em televisão e áudio, utiliza-se material impresso como apoio, complementado por recursos tecnológicos: televisão (a mídia mais marcante desta geração), vídeos-aulas, audiocassetes e telefone para auxílio do aluno quanto às possíveis dúvidas. As instituições transmitiam as aulas por meio de programas pré-gravados por emissoras educativas. Nessa modalidade, passou a utilizar algumas reuniões ou encontros de tutorias.
A terceira geração é a geração digital, (1985-1995). Utiliza-se material impresso como apoio, baseado na auto-aprendizagem, no entanto, complementado por recursos altamente diferenciados, tais como, correio eletrônico, sessões de bate-papo, uso de computadores, internet, CD, videoconferência e comunicação via satélite. O que diferencia essa geração das demais são a oportunidade da aprendizagem colaborativa e a interação com pares e professores, alterando alguns paradigmas educacionais. O aluno não é apenas treinado, ele é desafiado a pensar, criar, inovar.
A quarta geração (1995-2005) é marcada pelo uso de múltiplas tecnologias, incluindo tecnologias computacionais de banda larga. Usam-se interações por meio de vídeo e ao vivo, videoconferências, etc.
A quinta geração é marcada por todos os recursos das gerações anteriores, mais tutores eletrônicos, sistemas de respostas automatizadas e acesso via portal a processos institucionais. Segundo MÁXIMO (2005): “Enquanto a quarta geração é determinada pela aprendizagem flexível, a quinta é determinada por aprendizagem flexível inteligente”.
É importante observar que, o que determina as mudanças de gerações são as ferramentas de comunicação utilizadas pela modalidade. No entanto, uma ferramenta não substitui a outra, elas coexistem e as inovações vão apenas sendo incorporadas e ajustadas ao processo de aprendizagem.
Exemplo disso é que, apesar das inovações tecnológicas no que diz respeito ao material instrucional, desde a primeira geração da EAD até a atual, o material de apoio impresso permanece. O que se pode observar é que o material impresso ainda tem um papel significativo nessa modalidade.
Segundo Alencar (2006), da INFO Online, em notícia veiculada em abril de 2006, a respeito das ferramentas de comunicação utilizadas no ensino a distância, a Associação Brasileira de Ensino a Distância (ABED) divulgou que,

Das 217 instituições de ensino ouvidas, 85% delas ainda usam apostilas. Logo depois, vêm o e-learning com 61%, e o CD-ROM, com 42%. A soma passa dos 100% porque a mesma instituição pode usar mais de uma forma como método de aprendizagem. (ABED, 2006)

Referências bibliográficas
ALENCAR, Paulo. 2006. Papel ganha da internet no ensino a distância. Disponível em  <http://info.abril.com.br/aberto/infonews/042006/12042006-3.shl>. Acesso em: 25 nov 2009.

BELLONI, Maria Luiza. Educação a distância. Campinas, SP: Autores Associados, 1999.

GARCIA, Leandro. Experiências artísticas em redes telemáticas. Disponível em: <http://legeekcode.blogspot.com/2009/07/experiencias-artisticas-em-redes.html>. Acesso em 18 nov. 2009.

MÁXIMO, Luís Fernando, 2005. Educação a Distância: diferentes gerações e suas mídias. Disponível em:  http://cesbvirtual.cesbvalparaiso.edu.br/file.php/42/EAD/geracoesead.swf.   Acesso em: 18 nov 2009

SCREMIN, Sandra Bastianello. Educação a distância: uma possibilidade na educação profissionalizante. Florianópolis, SC: Bookstore, 2002.

PRETI, Oreste. Educação a distância: construindo significados. Brasília, DF: Plano, 2000.

TEIXEIRA, Esmeralda de Góes. Os obstáculos ao desenvolvimento da educação a distância: um estudo de caso sobre a educação a distância no Distrito Federal. Florianópolis, SC: 2002. Disponível em <http://teses.eps.ufsc.br/defesa/pdf/7473.pdf>.  Acesso em: 7 mar. 2008.



[i] Dados extraídos da Bíblia Sagrada – traduzida em português por João Ferreira de Almeida – Sociedade Bíblica do Brasil.

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